Crítica | A Verdadeira Dor
- Cinema ao Máximo
- 17 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de abr.
Com uma abordagem tocante e inesperadamente engraçada, dramédia oferece uma reflexão profunda sobre a vida, sendo energizada pelas performances emocionais de Jesse Eisenberg e Kieran Culkin

Quando um filme é capaz de transformar as atitudes e os pensamentos dos personagens em aspectos que geram reflexões realmente significativas, sinto uma profunda satisfação. O nome do longa, "A Verdadeira Dor", nos sugere que, por meio da história de David e Benji, somos guiados a experimentar a verdadeira dor que se acumula em silêncio enquanto enfrentamos o peso das emoções que permanecem ocultas.
Após um longo período sem se verem, dois primos com personalidades bem distintas, David e Benji, decidem se reencontrar para uma excursão histórica pela Polônia, em homenagem à avó querida que faleceu. No entanto, essa viagem acaba por expor velhas tensões familiares que estavam reprimidas há muito tempo. A situação se complica quando Benji pede que todas as pessoas que fazem parte do grupo de turismo abordem as experiências de forma mais sensível, reconhecendo o valor sentimental que cada momento oferece. Essa mudança de perspectiva ganha ainda mais relevância ao descobrirmos que eles estão visitando locais emblemáticos da Segunda Guerra Mundial, incluindo um campo de concentração. À medida que o grupo começa a perceber a importância emocional do que estão vivenciando, não tem como escapar de uma avalanche de pensamentos profundos que invade a cabeça de quem assiste ao título, transformando a experiência em uma montanha-russa de emoções.
Conseguindo transmitir uma lição valiosa para o presente, onde a vida é um bem raro e digno de celebração, a obra se destaca pela sutileza do seu roteiro, que equilibra emoção e um humor surpreendente. Além disso, a beleza da fotografia vai além de apenas mostrar os pontos turísticos mais famosos, mas também paisagens, residências simples e espaços públicos que enriquecem a narrativa. O desempenho da extraordinária dupla de atores Jesse Eisenberg e Kieran Culkin, em especial, é notável.
Eisenberg interpreta o jovem David, um indivíduo introspectivo que já conquistou seu espaço no mundo, enquanto Culkin apresenta de modo excepcionalmente brilhante Benji, um rapaz extrovertido, mas que enfrenta a realidade do desemprego e da falta de rumo. Diferente de David, Benji se encanta com as pessoas e suas histórias, sempre disposto a ouvir, oferecer conselhos e ser um verdadeiro amigo. Contudo, ele também demonstra certa impulsividade e tende a se isolar ao ouvir algo desagradável, revelando uma sensibilidade aguda em relação ao universo e suas dificuldades, quase como se estivesse suportando todo o sofrimento de uma só vez. Tanto Jesse quanto Kieran se revelaram escolhas perfeitas para os papéis centrais, capturando a essência de cada protagonista e proporcionando momentos que juntam sentimentos intensos e bastante comédia.
Tratando com cautela questões profundas como luto, perda, tristeza, amizade, empatia e cumplicidade, a dramédia tocante e curiosamente íntima "A Real Pain" conta com um elenco encantador, com desempenhos impressionantes de Jesse Eisenberg e, principalmente, de Kieran Culkin. A trama é bem direta, evitando qualquer excesso, o que torna a experiência uma agradável surpresa.

Pedro Barbosa
Sinopse: Os primos David e Benji viajam pela Polônia para homenagear sua avó. A aventura se complica quando antigas tensões ressurgem enquanto exploram a história de sua família.
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