Novo suspense de M. Night Shyamalan surpreende com um toque de humor bem encaixado e nos gruda na cadeira com momentos de tensão e a excepcional performance de Josh Hartnett
O cineasta M. Night Shyamalan é amplamente admirado por sua habilidade em criar filmes de suspense repletos de mistérios, que mantêm a audiência na expectativa até o último minuto, frequentemente culminando em reviravoltas surpreendentes, como ocorre em "O Sexto Sentido", "A Vila" e em um de meus títulos favoritos do diretor, "A Visita". No entanto, apesar de sua trajetória cinematográfica fenomenal, ele também tem algumas obras que não conquistam a todos, como "Tempo" e "Batem à Porta". Pessoalmente, considero essas duas últimas produções abaixo das expectativas: uma apresenta um desfecho anticlimático, enquanto a outra é marcada por situações um tanto constrangedoras.
Neste ano, M. Night Shyamalan conseguiu despertar o interesse do público com "Armadilha", que conta a história de Cooper e sua filha adolescente Riley durante um show de música pop. Porém, a dinâmica muda quando o pai nota a presença de policiais no evento, que estão em busca de um serial killer, revelando que tudo se trata de uma armadilha. De maneira inesperada, o cineasta já havia antecipado em materiais promocionais, como trailers, que o assassino conhecido como Açougueiro, que se infiltra no espetáculo, é, na verdade, o próprio protagonista, Cooper Adams.
Achei extremamente inteligente que o longa tenha revelado desde o início a verdadeira identidade do criminoso, convidando nós, espectadores, a seguir Cooper enquanto ele elabora várias estratégias arriscadas para tentar sair salvo do show, intensamente cercado por uma quantidade excessiva de policiais.
Embora seja apresentado apenas como um thriller eletrizante, "Trap" é temperado com um toque de comédia que, na minha visão, adicionou uma dose extra de vitalidade à trama. A película explora ao máximo as chances de Cooper enganar a polícia, despertando em nós uma imensa curiosidade sobre como essa situação tensa irá se desenrolar: será que esse psicopata será capturado ou conseguirá escapar?
Enquanto a atriz Ariel Donoghue interpreta de forma incrivelmente realista uma menina de 12 anos que sonha em estar perto de sua ícone pop, Lady Raven, o ator Josh Hartnett representa com excelência um homem que vive em dualidade. De um lado, ele assume o papel de um pai de família super carinhoso, que atua como bombeiro na Filadélfia. Por outro, ele se transforma em um assassino em série, caracterizado por conflitos com sua mãe e um transtorno obsessivo-compulsivo, sendo perseguido pelo FBI.
Um dos principais pontos fortes deste filme é, sem sombra de dúvida, a performance impressionante de Josh Hartnett. As diversas expressões faciais que ele exibe em momentos de crise com seu personagem são altamente divertidas. Em contrapartida, quando o momento exige uma entrega emocional mais forte, como a demonstração de raiva e crueldade, ele também brilha, especialmente considerando que interpreta um personagem lunático obcecado por esquartejar pessoas.
Maximizando cada instante de seu tempo de tela, "Armadilha" oferece segmentos de suspense verdadeiramente envolventes, mesmo que, em certas ocasiões, recorra a coincidências na narrativa que são, inegavelmente, fundamentais para o enredo. O título traz um protagonista com uma profunda complexidade psicológica, que logo cativa nossa atenção. Diferente de produções passadas do diretor M. Night Shyamalan, este novo longa não carrega uma reviravolta chocante, mas proporciona um clímax final que segue caminhos inesperados e perturbadores.
Quero ressaltar a belíssima cinematografia da obra, que coloca a câmera bem próxima dos personagens, permitindo um vínculo mais intenso com suas emoções. Além disso, a criação do show da cantora fictícia Lady Raven também merece destaque, pois suas canções são agradáveis de se escutar, muito graças ao talento vocal de sua intérprete, Saleka.
Texto por Pedro Barbosa
Data de estreia no Brasil: 08/08/2024
Hoje nos cinemas
Sinopse: Um pai e sua filha adolescente assistem a um badalado show de música pop, quando percebem que estão no epicentro de um evento sombrio e sinistro.
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