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Crítica | Eu, Capitão

Atualizado: 4 de mai.

Impulsionado pelo marcante protagonismo de Seydou Sarr, longa-metragem italiano indicado ao Oscar 2024 traz uma reflexão comovente e impactante sobre a desumanização



O novo longa italiano do diretor Matteo Garrone, conhecido por "Gomorra" (2008) e "Pinóquio" (2019), parte de testemunhos autênticos de imigrantes, apresentando uma história intensamente triste e angustiante, mesclando momentos maduros com abordagens mais convencionais para impulsionar a narrativa e despertar a compaixão da audiência diante dos relatos selvagens. Alguns desses episódios podem dar a impressão de terem sido resolvidos com rapidez, contudo, tal fato não prejudica o ritmo caloroso da trama.

 

Em questão de minutos, somos cativados pelo carisma encantador do jovem e ingênuo Seydou. Determinado a progredir financeiramente e conquistar independência, ele opta por deixar Dakar, onde residem sua mãe e sua família, em direção à Europa, acompanhado de seu primo Moussa. No entanto, os dois adolescentes senegaleses não imaginavam que o mundo lá fora não seria tão acolhedor quanto esperavam.

 

O título candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024 demonstra uma interpretação consistente do lado sombrio da natureza humana, revelando os personagens confrontando a desumanização de forma direta.

 

Causa uma tristeza profunda em qualquer um reconhecer que muitos dos terríveis eventos retratados realmente foram experiências vividas por diversas pessoas que optaram ou precisaram se deslocar.

 

Assistir a um filme cujo protagonista exibe uma determinação incansável para vencer obstáculos, sobretudo ao se colocar na posição de ajudar o próximo e zelar pelos seus entes queridos, é verdadeiramente algo que traz inspiração. Com certeza, essa obra irá tocar profundamente o coração de vários espectadores.

 

Além da carga emocional do enredo, também temos à disposição uma fotografia intensa e envolvente que, em ocasiões apropriadas, registra a beleza singular do deserto e do mar, uma trilha sonora melancólica que se encaixa perfeitamente com os acontecimentos apresentados e, acima de tudo, um elenco supimpa.

 

Seydou Sarr e Moustapha Fall demonstram sua essência com performances extremamente maduras e emocionantes. É uma verdadeira alegria acompanhar artistas tão carismáticos, o que fortalece nossa conexão com eles.


Texto por Pedro Barbosa



Data de estreia no Brasil: 29/02/2024


Indisponível nas plataformas digitais


Sinopse: Seydou e Moussa são dois adolescentes senegaleses que partem de Dakar rumo à Europa, em uma odisseia contemporânea, superando uma série de obstáculos. Essa grande aventura nos conduz pelos perigos do deserto e do mar, pelas ambiguidades e pelas contradições do ser humano, na qual os sonhos, esperanças e ambições dos personagens principais se transformam em luta por sobrevivência.



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