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Crítica | Handling the Undead

Terror norueguês inspirado no livro de John Ajvide Lindqvist é repleto de drama, mas peca ao não aprofundar os personagens, que parecem um pouco rasos emocionalmente



Em 2023, foi divulgado o trailer de um terror norueguês baseado em "Mortos Entre Vivos" pela NEON. A proposta do filme logo capturou minha curiosidade e me deixou ansioso, visto que apresenta uma história dramática acerca de zumbis que foge do clichê do vírus mortal que infecta e transforma pessoas em criaturas ávidas por carne.

 

A película conta a rotina de 3 famílias enlutadas que residem em Oslo. Num inusitado dia de verão, um enigmático fenômeno elétrico afeta a cidade, resultando na ressurreição de seus familiares falecidos recentemente. A volta deles é peculiar, exibindo um olhar vago e uma pele notavelmente deteriorada.

 

A trama nos leva a acompanhar Anna, que sofre profundamente pela morte precoce de seu filho ao lado de seu pai idoso, Mahler. Também encontramos Tora, que se despede de sua mulher na funerária pela última vez, e uma família que precisa seguir em frente sem a presença da esposa e mãe após um grave acidente. Ao longo de aproximadamente 90 minutos, somos espectadores desses personagens em busca de entender os desejos de seus parentes, que antes estavam mortos e agora despertos. Isso nos leva a refletir: até onde se deve ir para manter a proximidade física de um ente amado falecido, que não pode mais interagir?

 

O longa possui um ritmo vagaroso e poucos diálogos, o que permite que cenas longas destaquem as paisagens desbotadas de Oslo, ao lado de personagens que sofrem em silêncio, refletindo sobre a situação sombria em que se encontram, cercados por entes queridos transformados em mortos-vivos assustadores. A trilha sonora de Peter Raeburn e a cinematografia merecem destaque, complementando perfeitamente a densa atmosfera que permeia toda a narrativa que aborda a dor, mortalidade e a luta para aceitar o inevitável. Vale ressaltar a qualidade excepcional da maquiagem dos zumbis, que impressiona por sua incrível autenticidade, capaz de causar arrepios, especialmente na representação do garoto em avançado estado de decomposição.

 

A premissa contada em "Handling the Undead", baseada na obra do famoso escritor sueco John Ajvide Lindqvist, autor de "Deixe Ela Entrar", é muito intrigante e carregada de drama intenso. No entanto, é lamentável que a produção não tenha conseguido aproveitar plenamente o potencial do enredo original, optando por uma abordagem superficial e carente de momentos envolventes. O elenco, que conta com Renate Reinsve, conhecida por sua atuação em "A Pior Pessoa do Mundo", demonstra grande talento. Entretanto, a falta de reações mais profundas dos atores diante dos desafios que enfrentam resulta em um ambiente um tanto tedioso e sem emoção.

 

Em determinado momento do roteiro, dá a sensação de que não há progresso algum. Talvez você se veja envolvido e tocado pelos dramas vividos por essas 3 famílias que perderam alguém adorado há pouco tempo e ganharam a oportunidade de revê-los em vida. Contudo, nota-se que essa ideia não foi totalmente explorada, uma vez que a diretora Thea Hvistendahl optou por restringir a estranha ocorrência que assolou a cidade da Noruega a apenas alguns habitantes, os quais, infelizmente, não tiveram um crescimento pessoal verdadeiramente cativante capaz de prender a nossa atenção.


Texto por Pedro Barbosa



Ano de lançamento: 2024


Indisponível nas plataformas digitais


Sinopse: Em um dia quente de verão em Oslo, os mortos despertam misteriosamente e três famílias adentram o caos quando seus entes queridos falecidos retornam para casa. Quem são eles e o que querem?






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