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Crítica | Late Night with the Devil

Atualizado: 4 de mai.

Novo filme de terror estilo found footage imita um programa de televisão dos anos 70 de forma tão envolvente que é praticamente impossível desviar o olhar da tela



Em 2019, o Shudder, serviço de streaming da AMC focado em horror, apresentou "A Hora do Exorcismo", que narra a história de dois amigos que se tornaram famosos transmitindo sessões fictícias de exorcismos ao vivo. Contudo, ao decidirem explorar o universo sobrenatural, acabam encontrando um autêntico ser das trevas. Agora, em 2024, a plataforma lançou um novo filme com uma premissa parecida, mas ambientada na década de 70, época em que os talk shows eram muito populares.

 

Em "Late Night with the Devil", acompanhamos Jack Delroy, um apresentador de televisão ambicioso que está decidido a impulsionar seu show de diversão e bate-papo. Para atingir esse propósito, em uma noite de Halloween no ano de 1977, ele opta por convidar especialistas em fenômenos sobrenaturais para uma entrevista. Entretanto, os acontecimentos fogem do controle e a situação toma um rumo assustador.

 

O novo projeto da IFC Films destaca-se pela direção altamente precisa dos irmãos cineastas Cameron e Colin Cairnes. A minuciosidade com que exploraram o cenário televisivo dos anos 70 é digno de nota, revelando cuidado em cada detalhe. Desde a ambientação e os trajes até a escolha de filmar em 4:3 e a estética retrô da fotografia, o longa consegue de maneira convincente transmitir a sensação de assistir a um programa de TV ao vivo, o que faz dele um exemplo notável do gênero found footage.

 

A película já se inicia movimentada, exibindo uma edição com algumas cenas autênticas do século XX e, logo depois, um breve resumo sobre a vida do protagonista. Esse começo nos ajuda a nos conectar emocionalmente com ele, o que sempre é vantajoso em uma obra cinematográfica.

 

A produção, com cerca de 90 minutos de duração, nos leva a um episódio do fictício show de TV "Night Owls with Jack Delroy". A trama nos apresenta diversas entrevistas com Christou, um médium, Carmichael, um ex-mágico que agora questiona tudo, a Dra. June Ross-Mitchell, uma parapsicóloga e escritora renomada, e Lilly D'Abo, sobrevivente de um suicídio coletivo. Assim, o título nos brinda com discussões repletas de diálogos envolventes que capturam nossa atenção.

 

Os personagens são magistralmente interpretados por um elenco de alto nível que inclui Fayssal Bazzi, Ian Bliss, Laura Gordon e Ingrid Torelli. No entanto, é a performance extraordinária de David Dastmalchian no papel de Jack Delroy, um homem obcecado pela fama, que se sobressai verdadeiramente.

 

Quando falamos de momentos assustadores, este filme não decepciona. Em vez de utilizar o tradicional jump scare, que muitas vezes é considerado clichê, vemos aqui um ritmo que nos mantém constantemente apreensivos. Uma das ocasiões mais memoráveis ocorre quando Lilly D'Abo invoca o demônio que vive dentro dela, lembrando o icônico "O Exorcista". A maquiagem usada para representar a possessão da jovem é perturbadora, assim como sua voz maligna.

 

O longa também traz uma análise aprofundada sobre os limites da busca pelo sucesso e da necessidade de ser o centro das atenções. Conforme observamos as atitudes dos personagens, esse assunto se torna ainda mais significativo. Além disso, a utilização de efeitos especiais no final, que fazem recordar "Poltergeist: O Fenômeno", é um verdadeiro presente para os admiradores do estilo, tornando a experiência ainda mais emocionante.

 

Já faz um tempinho que estou curioso para conferir esta obra, pois ela recebeu elogios tanto da crítica quanto do público. Para minha alegria, ela correspondeu às minhas expectativas, embora não tenha as superado. Acredito que o desfecho poderia ser mais satisfatório, menos apressado. Mesmo assim, sugiro fortemente que você assista.


Texto por Pedro Barbosa



26 de setembro nos cinemas

Sinopse: Em 1977, uma transmissão televisiva ao vivo dá muito errado, e acaba libertando o mal nas salas de estar dos espectadores de todo o país.



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