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Crítica | MaXXXine

Conclusão da trilogia de terror de Ti West subutiliza o talento de Mia Goth e de outros grandes atores, apresentando uma história sem fôlego e repleta de referências que não agregam valor



Em 2022, o cineasta Ti West deu início a uma nova e promissora franquia de terror slasher com a parceria da produtora A24, lançando duas obras nos cinemas dos Estados Unidos no mesmo ano, uma em março e a outra em setembro. A primeira, chamada "X: A Marca da Morte", narra a história de um grupo de atores que decide filmar um projeto adulto no interior do Texas, mas logo se tornam os alvos dos donos da propriedade. Meses depois, chegou nas telonas "Pearl", que acompanha a jornada de uma jovem que almeja uma vida repleta de glamour, longe da fazenda onde vive, mas que vê suas aspirações saírem do controle, revelando seus instintos assassinos.


Ambos os filmes apresentaram tramas envolventes. "X: A Marca da Morte" brilhou pela sua alta dose de tensão e sequências sangrentas, enquanto "Pearl" destacou ainda mais a habilidade da atriz Mia Goth, cuja performance foi marcada por uma impressionante complexidade psicológica que conquistou muitos espectadores. Após um longo período de espera, a conclusão da saga estreou finalmente nas telonas, acompanhando os momentos finais da personagem Maxine Minx em sua busca pela fama em 1985, alguns anos depois dos traumáticos eventos de 1979.


Em "X: A Marca da Morte", acompanhamos a trajetória de Maxine, uma mulher com o sonho de se tornar uma estrela do cinema em Hollywood, disposta a tudo para alcançar seu objetivo. Para dar o primeiro passo, ela decide atuar em títulos sexuais ao lado de seu namorado, Wayne, que é produtor, e alguns amigos. Contudo, o que ela e sua equipe não anteciparam foi que seu novo projeto erótico seria gravemente afetado por um casal de idosos assassinos, Pearl e Howard.


Depois de ver Maxine Minx escapar do terrível massacre em uma remota fazenda no Texas, utilizando a caminhonete do senhor Howard, minha curiosidade sobre como ela lidou com essa experiência traumática cresceu consideravelmente. Entretanto, em "MaXXXine", as decisões tomadas ao longo do enredo se tornam um pouco repetitivas e carecem de direção, parecendo um tanto desconectadas da essência original da franquia.


Enquanto Maxine procura por novas chances na atuação, ela também deve manter os olhos abertos para um assassino em série conhecido como Night Stalker, que anda à solta em Los Angeles. Sem dúvidas, a premissa é muito provocante, mas senti que não transmitiu a intensidade que eu esperava, funcionando somente como um atrativo para os admiradores de contos reais sobre serial killers. O mesmo se aplica a certos aspectos da película, como, por exemplo, o ambiente inspirado em "Psicose", o inesquecível Bates Motel.


Nos dois primeiros longas, a tensão foi constante, mas em "MaXXXine", os acontecimentos parecem caóticos e sem um direcionamento claro. Notei que a protagonista estava um bocado perdida, não apenas em relação às situações que enfrentava, mas também quanto à sua própria identidade. Entendo que se passaram alguns anos desde "X: A Marca da Morte", e é normal que as pessoas, especialmente as atrizes, evoluam com o tempo. Todavia, essa nova versão de Maxine Minx, que opta por se distanciar das crueldades ao seu redor e adota uma atitude mais reservada e séria, ao mesmo tempo em que, de forma inesperada, realiza assassinatos sem mostrar qualquer sinal de arrependimento em 1985, parece ser completamente diversa da sonhadora e destemida que conhecemos em 1979. Infelizmente, isso acabou me deixando bem frustrado e fez com que eu perdesse o interesse pelo roteiro.


Além da destacada Mia Goth, o thriller policial conta com um elenco de grandes nomes, como Halsey, Michelle Monaghan, Moses Sumney, Giancarlo Esposito, Lily Collins, Bobby Cannavale, Elizabeth Debicki e Kevin Bacon. No entanto, apesar de ter um tempo de duração um pouco acima de 90 minutos, senti que não houve espaço suficiente para estabelecer uma conexão com os personagens, já que alguns deles deixam a narrativa de maneira repentina.


Aprecio a intenção da produção em aprofundar a vida de Maxine, abordando tanto sua infância quanto as vivências traumáticas que ela enfrentou ao testemunhar o assassinato de seus amigos no Texas. Contudo, quando o diretor Ti West opta por explorar essas questões, a execução se revela superficial e um pouco forçada. Um exemplo claro disso é a reviravolta final, que tinha o potencial de seguir um caminho mais inovador, mas acabou se entregando a alguns clichês bastante desanimadores.


Na trilogia de horror da A24, que aborda a dolorosa verdade de que os sonhos são frustrados no momento em que deveriam se concretizar, "MaXXXine" se revela como o episódio menos marcante. A obra não consegue manter um ritmo que capture verdadeiramente nossa atenção, e seus personagens, incluindo a protagonista que já conhecemos, falham em nos envolver. Essa circunstância é frustrante, principalmente considerando que nos dois filmes anteriores tivemos a oportunidade de conhecer personagens profundos, que de fato nos atraíram com suas jornadas.


Texto por Pedro Barbosa



Data de estreia no Brasil: 11/07/2024


Hoje nos cinemas


Sinopse: Na década de 1980, em Hollywood, a estrela do cinema pornográfico Maxine Minx tem sua grande chance de atingir o estrelato. No entanto, um misterioso assassino em série persegue as celebridades de Los Angeles e um rastro de sangue ameaça revelar o passado sinistro de Maxine.











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