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Crítica | Ninguém Sai Vivo Daqui

Drama inspirado no livro "Holocausto Brasileiro" se destaca por sua abordagem simples e direta, trazendo uma história envolvente e performances excelentes, especialmente a de Fernanda Marques



Com base em "Holocausto Brasileiro", escrito pela jornalista Daniela Arbex, o filme narra a infeliz jornada de Elisa, uma mulher jovem que descobre estar grávida de seu namorado. Nos primeiros anos da década de 1970, ela é involuntariamente admitida por seu pai no hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena.

 

Não cheguei a ler o livro, mas já dá para sentir a melancolia presente na narrativa de longe. A maneira prática de contar a história me agradou bastante, o diretor André Ristum soube aproveitar com eficiência o tempo curto do título, que não ultrapassa os 90 minutos, com diálogos diretos e atitudes coerentes dos personagens que conquistam nossa simpatia.

 

Filmado em preto e branco, o longa retrata de modo competente a completa ausência de vivacidade e cores na existência daqueles que infelizmente habitavam o manicômio Colônia, indivíduos com distúrbios mentais ou que não se encaixavam nos padrões vigentes da época, sendo inclusive levados à força em comboios superlotados por não corresponderem aos interesses políticos das classes dominantes. Apesar da simplicidade visual dos cenários, conseguem de maneira eficaz prender nossa atenção.

 

Embora pareça despretensiosa à primeira vista, a produção possui uma série de pontos fortes, com destaque para a escolha do elenco. Fernanda Marques, conhecida por sua participação na novela "Um Lugar ao Sol" em 2021, interpretou com maestria a personagem principal Elisa, uma jovem que se vê traída pelos próprios pais e internada injustificadamente em um hospício que desafia sua sanidade, levando-a ao limite. A atriz entrega uma performance carregada de emoções intensas que certamente irão mexer com o espectador, dada a extrema infelicidade pelas quais sua personagem é submetida.

 

Além de Fernanda, vale destacar a presença de Andréia Horta, Augusto Madeira, Naruna Costa e outros talentos que, de forma significativa, contribuem para criar momentos interessantíssimos. Todos demonstram um desempenho excelente. Contudo, é importante mencionar a marcante atuação da super carismática Rejane Faria, que vive uma paciente que oferece apoio à protagonista Elisa e busca auxiliá-la a sobreviver em um ambiente hostil que recorre a terapias de choque, abusos físicos e psicológicos, e métodos de tratamento questionáveis.

 

Além de carregar consigo um profundo peso emocional, a obra encanta ao trilhar um rumo sobrenatural que adiciona ainda mais profundidade à trajetória pessoal de Elisa, entregando várias sequências bem envolventes.

 

Apresentando personagens fictícios, mas interligados a figuras reais, "Ninguém Sai Vivo Daqui" expõe de forma implacável o horror que envolvia um dos principais hospícios do país. A interpretação dos atores coadjuvantes que representam os residentes é marcada por realismo e abatimento, enquanto a protagonista conquista o coração do público, que torcerá fervorosamente por sua fuga desse espaço infernal.


Texto por Pedro Barbosa



11 de julho nos cinemas


Sinopse: No começo dos anos 70, a jovem Elisa é internada à força pelo pai no Hospital psiquiátrico Colônia, por ter engravidado do namorado. Após passar por muitos abusos, Elisa, junto com outros colegas injustiçados, lutarão para encontrar uma maneira de fugir dessa sucursal do inferno.








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